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Biótopo


      As zonas mais interiores da floresta tropical húmida da Amazónia abundam em pequenos rios e ribeiros, que contêm, com frequência, grandes quantidades de plantas flutuantes e mais tipos de vida aquática, enquanto os troncos arrojados à margem, as árvores tombadas e outros restos vegetais podem tornar as águas ácidas e turvas.
Ribeiros destes são o abrigo de algumas das espécies de peixes mais espectaculares do mundo. A bacia do Amazonas, que tem mais de 200 afluentes, é o habitat natural de muitos peixes que dominam o comércio da aquariofilia. Entre estes conta-se o disco (Symphysodon sp.), que para muitos aquariófilos constitui o apogeu da conservação de peixes de água doce, porque mantê-lo é uma tarefa bastante desafiadora. Embora a região contenha muitas verdadeiras águas negras, como longos trechos do Rio Negro, por exemplo, o disco tem propensão a escolher tranquilos ribeiros afluentes, menos ácidos, onde vive entre raÍzes e plantas. Aí a química da água é menos extrema, se bem que os peixes ainda tenham de tolerar mudanças temporárias, principalmente provocadas por minerais que são lixiviados dos Andes, durante as estações chuvosas.
Este aquário de biótopo baseia-se num desses ribeiros afluentes e a sua água deveria ser um composto tão próximo da natureza quanto possível. Do sobrecéu florestal caem, nos ribeiros, restos de todo o género, incluindo insectos e frutos. Assim como alteram toda a química da água, também servem de alimento aos peixes. A comida a flutuar encoraja espécies de corpo alto - como o machadinha - que se emboscam à superfície, estando tais peixes incluídos neste aquário. O leito dos rios tropicais é também um soberbo aprovisionamento de alimentos, o que atrai uma infindável variedade de peixes que vive no fundo, como os peixes-gato. Os escalares e outros mais pequenos, que se ali movem numa agitação constante, como os tetras, também são ideais para este aquário.
Como muitos dos peixes que habitam um pequeno rio da floresta tropical húmida podem atingir um tamanho relativamente grande, deve usar-se um aquário espaçoso para replicar esse ambiente. As espécies deste biótopo precisam de água mais quente do que muitos peixes de água doce, portanto dever-se-á manter o tanque a cerca de 27-28˚C. A água deverá ser ácida, com um pH entre 6 e 6,5, e macia, com uma dureza geral de, preferencialmente,  3-6˚dGH. É importante verificar o pH do aquário regularmente visto que, numa água relativamente macia, tem tendência a descer abaixo de um nível aceitável.
Alguns dos peixes provenientes destes rios são tímidos e nervosos, precisando de plantas e troncos em profusão para se esconder. Também preferem uma certa sombra, daí que o nível de iluminação não deva ser demasiadamente alto. Poderá ser benéfica a colocação do aquário numa sala não demasiado sossegada, porque os peixes sensíveis vão progressivamente perdendo a timidez se tiverem de se habituar a um nível de actividade normal e uniforme. 

Curso principal do rio Amazonas

Tetras-cardinais (Paracheirodon axelrodi) no seu habitat natural. Esta espécie é uma das mais populares no universo da aquariofilia da água doce

Casal de discos (Symphysodon aequifasciatus) no seu habitat natural. Esta espécie é uma das mais atraentes de água doce e também das mais desafiadores, dada a sua exigência na qualidade da água

Sugerimos a visualização do documentário “Equador - Os rios de Sol”, que pretende mostrar precisamente essa biodiversidade do rio Amazonas e seus afluentes. Os links para as 6 partes em que ele se encontra dividido são os seguintes:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=hrk3OSFP53E
  2. http://www.youtube.com/watch?v=I-fCKfaT26o
  3. http://www.youtube.com/watch?v=U92EMorEWGc
  4. http://www.youtube.com/watch?v=RzD5xmB4Ttc
  5. http://www.youtube.com/watch?v=ZlXBaSoxHok
  6. http://www.youtube.com/watch?v=XsvYZ2bdR8g